Ivan Moreira, diretor de Sustentabilidade da Telmec, fala sobre o atual momento da empresa com a criação da diretoria que vai tratar das iniciativas relacionadas à proteção do meio-ambiente, saúde, segurança e práticas de governança corporativa. Ivan trabalha na Telmec há dez anos e acaba de assumir a missão de alinhar todos os projetos e capacitar a equipe para atender este novo momento.
O que representa o lançamento da Diretoria de Sustentabilidade dentro da Telmec?
Ivan: Hoje, nós estamos aqui na Telmec aumentando o foco na sustentabilidade. É um assunto que a gente já vem discutindo há muito tempo, até mesmo porque o mercado em si exige isso e é necessário manter em alto patamar, porque nós temos que cuidar do nosso pessoal e cuidar do ambiente onde nós estamos.
Sustentabilidade é um conceito mais amplo. Sustentabilidade é você produzir, construir agora, mas sem comprometer o futuro. Precisamos cuidar do meio-ambiente, cuidar das pessoas, ter uma atenção máxima à saúde, à segurança do trabalho, sempre norteados pelas boas práticas da governança corporativa.
As empresas tomaram consciência de que é essencial seguir os princípios conhecidos hoje como ESG, que são valores e princípios focados no meio-ambiente, responsabilidade social e na governança, e, dessa forma, nortear suas ações seguindo uma política de conformidade e integridade.
Qual é o maior desafio para a Telmec, nesse ano de 2024, relacionado à sustentabilidade?
Ivan: O maior desafio, hoje, é a gente trazer a cultura para dentro da instituição. Criar uma cultura de sustentabilidade dentro da empresa. A empresa está imbuída em fazer isso, desde a alta direção até o pessoal de campo, mas precisa adaptar a forma de trabalhar, melhorar as práticas para se adaptar mesmo a essa nova cultura. A cultura de sustentabilidade permeia todas as atividades, desde a hora que você acorda até a hora que você vai dormir e, obviamente, todas as suas ações dentro do trabalho tem que ser norteadas por ela. Quando você incutir o sentimento de sustentabilidade, você vai conseguir naturalmente seguir as boas práticas.
Olhando para o mercado, você entende que priorizar a sustentabilidade é uma questão de sobrevivência?
Ivan: Esse foco na sustentabilidade é essencial para o futuro de qualquer empresa. O mercado não aceita mais aquelas empresas que tem desleixo com esse assunto. Nós temos que nos preparar para o futuro. Se exaurirmos todos os recursos do meio-ambiente, como vamos ter futuro? Não haverá futuro. Não é sustentável essa relação, se a gente consumir tudo hoje. O mercado já percebeu isso. As nações já perceberam isso. Tanto que nós temos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, preparado pela ONU, com foco no futuro. Não há como uma empresa sobreviver se ela não tiver o foco na sustentabilidade. O mercado não vai aceitá-la.
Trazendo para construção civil, como você enxerga o tipo de adaptação que precisa ser feita? Qual é o tipo de nova cultura que precisa ser criada?
Ivan: O mercado da construção civil, obviamente, é um mercado no qual precisa ser muito trabalhada a sustentabilidade. A gente tem que ter o pensamento na economia circular, precisa aumentar a reciclagem dos produtos, o reuso dos materiais para poder ter um fluxo de obras que não comprometa tanto o ambiente. Cuidar muito mais do uso da água, que é um insumo importante dentro da construção civil, e ter atenção para estar sempre procurando reciclar e reusar materiais sem desperdício. A Construção Civil teve no passado uma má fama de ter muito desperdício de produtos. Isso já vem mudando com a conscientização das pessoas e, no futuro, vamos poder reciclar ainda mais materiais e conseguir fazer construções, edifícios mais sustentáveis.
Como é a sua avaliação de olhar para o ESG como algo que não é passageiro. Qual legado vai ficar para as empresas a partir desse momento?
Ivan: O momento ESG, ainda em alta, começou há poucos anos. Ainda está crescendo. As empresas de maior porte estão aderindo com mais força, eu não acredito que tenha volta, porque as próprias empresas perceberam os benefícios que o ESG traz. O mercado financeiro não quer colocar o seu investimento em empresas que não cuidem do meio-ambiente, que não cuidem das pessoas e que não tenham governança. É um movimento sem volta. Como qualquer movimento, ele terá altos e baixos, mas a tendência atual é subir. A sociedade já criou a consciência de que é essencial cuidar do meio-ambiente, cuidar da saúde, da segurança e cuidar de como nós fazemos a direção das empresas. Não é um movimento que vai voltar, ele tende só a crescer.